OpenAI está tentando registrar GPT como uma marca, mas autoridades disseram “Não!”

Alex Barros
4 min readFeb 18, 2024

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Pelo menos por enquanto, a OpenAI não conseguirá restringir o uso do termo GPT nos demais chatbots dos concorrentes

Para quem não sabe, o termo GPT tem origem em 2017[4], primeiro com um artigo do Google e em seguida com o lançamento do modelo GPT-1 pela OpenAI. O artigo que descreve o GPT-1 pela primeira vez foi publicado em 2018 e se chama “Attention is All You Need” (A atenção é tudo que você precisa) [3].
GPT, que significa Generative Pre-trained Transformer, é um modelo de linguagem de inteligência artificial (IA) que se destaca por sua capacidade de gerar textos realistas e coesos. Ele é treinado em um enorme conjunto de dados de texto e código, o que lhe permite aprender padrões e regras da linguagem natural.

Como funciona o GPT?

O GPT utiliza uma arquitetura de rede neural chamada Transformer, que é capaz de processar longas sequências de texto e entender o contexto em que as palavras são usadas. Através de um processo de aprendizado de máquina, o modelo aprende a prever a próxima palavra em uma sequência, levando em consideração as palavras que a precedem e o contexto geral.

Ou seja, o termo GPT tem um significado técnico: Generative Pré-trained Transformer. Mas a OpenAI possui um guia [1] com recomendações para os produtos que utilizam a API da OpenAI como motor, e uma delas é:

We do not permit the use of OpenAI models or “GPT” in product or app names because it confuses end users.

Isso mesmo, a empresa entende que o termo GPT pode confudir os usuários finais.
Na verdade, a empresa vem tentando registrar a palavra GPT como marca proprietária. Segundo revelou a gizmodo [2], a empresa havia tentado registrar a marca em dezembro de 2022 e teve o pedido negado em maio de 2023. Naquela época os motivos foi a falta de documentação apropriada para o pedido e o fato de não terem pago alguma taxa comercial.

Especialista também acreditam que a própria empresa foi pega de surpresa com o crescimento gigante e pelo seu próprio sucesso, pois poderiam ter começado a tentar o registro antes de terem lançado os produtos e serem copiados por concorrentes.

Segunda negativa do USPTO

Em fevereiro de 2024 o USPTO negou novamente o pedido de registro.

O Escritório de Patentes e Marcas dos EUA (U.S. Patent and Trademark Office- USPTO) negou o registro da marca “GPT”, alegando que o termo é “meramente descritivo” e, portanto, não pode ser registrado. O receito da OpenAI é que os concorrentes comecem a lançar produtos com o nome GPT e ganhem credibilidade colateral devido ao ChatGPT ser atualmente a marca mais reconhecida em IA. Ele é o chatbot mais popular do mercado e e que trouxe grande curiosidade, tornando uma tendência global.

No entanto, de acordo com o USPTO, o nome não atende aos padrões para registro de marca e às proteções oferecidas pelo símbolo “TM” após o nome.
O documento de negação afirma: “O registro é recusado porque a marca solicitada meramente descreve uma característica, função ou característica dos produtos e serviços do requerente.”

OpenAI alega que popularizou o termo GPT

A OpenAI argumentou que popularizou o termo GPT, descrevendo a natureza do modelo de aprendizado de máquina. Ele é “generativo” porque produz material novo, “pré-treinado” porque é um grande modelo treinado centralmente em um banco de dados proprietário, e “transformer” é o nome de um método específico de construção de IAs (descoberto por pesquisadores do Google em 2017) que permite o treinamento de modelos muito maiores.

Mas o escritório de patentes apontou que o termo GPT já era usado em diversos outros contextos e por outras empresas em áreas relacionadas. Por exemplo, a Amazon tem uma listagem explicando o que são GPTs e como os utilizam.

De acordo com o escritório de patentes, “GPT” descreve um aspecto do produto, similar a tentar registrar “crocante” para um cereal chamado “Crunchy O’s”. No caso do ChatGPT, ele é um modelo de IA do tipo GPT — um conceito que a OpenAI não criou e não é a única a oferecer — com o qual você conversa. Embora seja reconhecível, não cumpre os requisitos para ser uma marca registrada.

Ameaça ao domínio da OpenAI no longo prazo

A falta de uma marca registrada pode diluir o domínio da OpenAI sobre a terminologia relacionada a GPT. É possível que aplicativos como “TalkGPT” (sem relação com a OpenAI) apareçam nas lojas de aplicativos (na verdade, já existem vários) e a OpenAI não poderá processá-los por uso indevido da marca.

Dito isso, a OpenAI detém de longe a maior participação quando alguém menciona “GPT”. Portanto, embora sua proteção legal seja limitada, eles mantêm a vantagem de pioneiros. Seja como for, eles podem até dobrar a aposta na marca GPT, malditos os registros, para garantir que todos saibam que a OpenAI foi a primeira (ou quase isso).

Problema para os usuários

Eu também acho que o uso indiscriminado do termo GPT tem sido prejudicial. Muitos aplicativos duvidoso e até falsos para aplicar golpes podem ser lançados nas lojas de aplicativos da Apple e do Google e ganharem visibilidade pela sigla GPT.

Por outro lado, não permitir o uso por nenhuma outra empresa pode ser um abuso para algo que representa uma tecnologia de arquitetura aberta e não um produto proprietário, como é o caso do ChatGPT.

Para mais conteúdo siga no @aprendadatascience ou no site https://aprendadatascience.com

Fontes:

[1]https://openai.com/brand

[2]https://gizmodo.com/openai-gpt-trademark-denied-us-patent-office-ai-1851263772

[3]https://arxiv.org/abs/1706.03762

[4]https://blog.research.google/2017/08/transformer-novel-neural-network.html

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Alex Barros
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Written by Alex Barros

Engenheiro da Computação. Mestre e Doutorando em Computação Aplicada. Coordenador do Escritório de Projetos e Processos no TRT8.

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