Moore, Butter e Kryder: as 3 leis que regem a transformação digital que vivemos hoje

Alex Barros
4 min readDec 26, 2021

--

As 3 leis que teorizaram o crescimento exponencialmente da tecnologia nos últimos anos.

A digitalização do nosso mundo e a tecnologia de um modo geral cresceu exponencialmente nas últimas décadas.

Para entendermos como isso aconteceu, vamos utilizar três leis fundamentais. Não são leis propriamente ditas, foram apostas de estudiosos e pelo menos uma delas você já deve ter ouvido falar (lei de moore).

Essas leis estão relacionadas diretamente a três aspectos principais que impulsionaram a transformação digital: Poder de Processamento, Comunicação e Armazenamento de dados.

Lei de Moore

A previsão feita em 1965 de Gordon Moore dizia que a cada 18 meses os computadores iriam dobrar o seu poder de processamento. Originalmente, a sua formulação falava da quantidade de transistores em um chip iriam dobrar a cada 18 meses, como esse componente, o transistor, está diretamente ligado ao poder de processamento, tivemos o desdobramento para o poder de processamento em si.

Alguns anos atrás, os principais economistas reconheceram que a tecnologia da informação em circuitos integrados estava envolvida em um terço do crescimento da produtividade nos EUA desde 1974. Quase todas as tecnologias de que gostamos, de smartphones a laptops baratos e GPS, são um reflexo direto da previsão de Moore. Também alimentou os avanços atuais em inteligência artificial (IA) e medicina genética, dando às técnicas de machine learning a capacidade de analisar grandes quantidades de dados para encontrar as respostas.

Essa lei foi responsável pelo crescimento exponencial do poder computacional nas últimas décadas, mas ela vem sendo desafiada recentemente. Hoje temos uma quantidade tão grande de transistores nos chips que que essa alta densidade se tornou um problema de física, nos levando a buscar soluções na física quântica. Em breve encontraremos solução para esses desafios temporários.

Talvez com designs de chip em 3D ao invés de 2D. Mudanças dos materiais utilizadas como o grafite e etc.
Uma das estratégias é reduzir o chamado software inflado (ou bloatware) para aproveitar ao máximo os chips existentes. Quando os chips sempre podiam ser usados ​​para ficar mais rápidos e mais poderosos, os programadores não precisavam se preocupar muito em escrever códigos mais eficientes. Eles também não costumavam tirar o máximo proveito das alterações na arquitetura de hardware, como os múltiplos núcleos ou processadores, existentes nos chips usados ​​atualmente.

Alguns cientistas já mostraram que é possível obter códigos várias vezes mais rápido apenas mudando a linguagem de programação utilizada. É provável que seja dada maior atenção a essa otimização nos próximos anos.

Lei de Butter

A segunda lei que tornou possível a digitalização recente é a chamada Lei de Butter. Ela está ligada a quantidade de dados transmitidos pelos meios de comunicação, em especial as fibras ópticas. Ela diz que a quantidade de dados dobram a cada 9 meses.

Plotando os dados de velocidade e quantidade de dados em megabytes por segundos na escala logarítmica, podemos visualizar uma linha reta, indicando que a velocidade aumentou em escala logarítmica.

Essa lei funcionou para outros meios de comunicação como ADSL, VDSL ou wireless like 3G, LTE e recentemente, 5G.

Lei de Kryder

A terceira lei é a chamada Lei de Kryder. Ela está relacionada a capacidade de armazenamento dos dispositivos, determinando que a quantidade de dados armazenada por centímetro quadrado iria dobrar a cada 13 meses. Pelo menos até os anos 2000 funcionou muito bem, depois precisou ser reformulada para 16–17 meses, mas mesmo assim ainda seguia um crescimento exponencial.

Ou seja, durante algum tempo a nossa capacidade de armazenamento aumentou mais rápido do que a de processamento. Talvez alguns dos leitores lembrem do tamanho dos HDs de armazenamento de antigamente, precisando até de uma fonte de energia para funcionarem. Hoje em dia, armazenamos vários Terabytes em dispositivos pequenos, mais finos que um passaporte.

É importante ressaltar que somente parte desse avanço de performance dos componentes vão de fato para os produtos de massa. Uma parte desse avanço é direcionando em redução dos custos dos componentes, melhora na conexão de internet e a capacidade de armazenamento não só fica maior, como também mais barata.

Impacto do avança exponencial nas empresas

Apesar da tecnologia ter avançado em escala exponencial, a intuição humana funciona em escala linear, nós temos a tendencia de subestimar o progresso.

Muitas empresas ficaram totalmente cegas sobre o impacto que essa evolução exponencial da tecnologia poderia impactar os seus negócios.

Na última década aumento o gap entre o desenvolvimento linear das empresas e o exponencial das tecnologias. Esse gap na entrega de valor vem sendo preenchido por startups focadas em inovação e com soluções disruptivas para satisfazer as necessidades dos consumidores de novas maneiras que os competidores as vezes nem haviam previsto.

Empresas como Kodak, Nokia ou Blockbuster pagaram um preço alto por não darem a devida atenção as novas tendências.

A velocidade de processamento, largura de banda de comunicação e o aumento do armazenamento de dados ainda deve continuar nos próximos anos e possibilitar ainda mais transformação digital. Precisamos treinar o nosso cérebro para a visão de futuro exponencial e desenvolver soluções disruptivas para o futuro.

Para mais conteúdo de tecnologia e data science, acesse @aprendadatascience ou https://aprendadatascience.com

Referências:
https://mittechreview.com.br/nos-nao-estamos-preparados-para-o-fim-da-lei-de-moore/

--

--

Alex Barros
Alex Barros

Written by Alex Barros

Engenheiro da Computação. Mestre e Doutorando em Computação Aplicada. Coordenador do Escritório de Projetos e Processos no TRT8.

No responses yet