Google inaugura o AI Hub em Paris, mas isso não é uma boa notícia para a empresa
A empresa parece buscar um novo anúncio toda semana, em uma tentativa de enviar uma mensagem para o público: Somos uma empresa de IA
Com capacidade para cerca de 300 pesquisadores e engenheiros, o CEO do Google, Sundar Pichai, inaugurou no último dia 15 de Fevereiro o AI Hub em Paris.
O curioso é que em 2018 o Google já havia inaugurado um centro de pesquisa em Inteligência Artificial, um pouco atrasado pois o Facebook já havia feito o mesmo movimento ainda em 2015 [1].
A realidade é que o Google não pretende criar um novo time para trabalhar baseado em Paris, os funcionários que atualmente já trabalham para o Google Research, DeppMind, Youtube e Chrome que ocuparão o novo espaço.
Muitos membros do governo francês participaram da inauguração, inclusive o Ministro da Economia Bruno Le Maire. Esse envolvimento de membros do governo é um esforço do governo Francês de se posicionar como um “Vale do Silício” Europeu e um esforço do Google em atrair os talentos de Inteligência Artificial para o Google.
A inauguração do espaço se tornou um evento de relações pública, um esforço que todas as big techs estão fazendo para gritar ao mundo “nós somos uma empresa de inteligência artificial”.
Qual o medo do Google?
Nos últimos anos muitos laboratórios foram se instalando na região como o FAIR (Facebook Artificial Intelligence Research), liderado pelo pesquisador Yann LeCun. Desde então muitos talentos tem deixado seus empregos nas Big Techs para criar suas próprias startups.
Mistral AI é exemplo mais consolidado da ameaça ao Google, empresa fundada por ex-funcionários do Deep Mind e da Meta.
A startup já levantou mais de meio bilhão em uma rodada de investimentos e já está avaliada em mais de 2 bilhões de dólares. Outras startups também estão surgindo como Nabla, Dust, Gladia e Giskard.
Ou seja, os talentos formados nas excelentes universidades francesas agora tem várias opções de carreira.
Todos os esforços em IA
Apesar do lançamento do Gemini e mais recentemente o Gemini Ultra, a maioria das pessoas ainda pensa no ChatGPT ao lembrar de algum assistente de IA. Essa semana o Google já anunciou o Gemini 1.5, mas ainda sem liberar o acesso para o público.
E por que anunciar algo que ainda não está pronto?
O objetivo é mostrar que a empresa tem capacidade de concorrer nesse mercado e para isso, está seguindo uma estratégia de anúncios regulares sobre IA.
O Google não é o único que está fazendo isso. A Microsoft também anunciou hoje um investimento de € 3,2 bilhões (US$ 3,4 bilhões) nos próximos dois anos em infraestrutura de IA na Alemanha. E também vai formar 2 milhões de desenvolvedores de IA na Índia até 2025 [5].
O Google também tem tentado encontrar parcerias de sucesso como a Microsoft fez com a OpenAI e está investindo 2 bilhões na Anthropic.
Anthropic é a desenvolvedora do Claude 2, um rival do ChatGPT que já é utilizado por empresas como o Slack, Notion e Quora. A empresa foi fundada em 2021 e já recebeu investimentos da Salesforce e do Zoom.
Conclusão
Podemos esperar muitas notícias e promessas esse ano. Diferentemente da Apple que alega não gostar de anunciar algo para o futuro e simplesmente mostrar o produto pronto, o Google e as demais estão travando não apenas uma guerra tecnológica, mas também uma briga pela mídia e pela imagem.
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Fontes:
[3] https://www.lemonde.fr/en/economy/article/2024/02/13/paris-ai-scene-is-booming_6519922_19.html
